terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

 Faltando pouco mais de 10 dias para acabar o ano, podemos afirmar com certeza: 2011 foi um marco para a história do Mixed Martial Arts. Jamais o esporte esteve tão em evidência quanto no ano que se encerra. Mais do que pela competência administrativa do Grupo Zuffa (donos do UFC), este boom do MMA foi potencializado por um ano cheio de combates, golpes e eventos que estão entre os melhores de todos os tempos. Vamos relembrar alguns destes grandes momentos:
 O ano realmente "começou" com o nocaute espetacular de Anderson Silva sobre Vitor Belfort na então promovida como "luta do século". Além de Belfort, Anderson derrubou a barreira que separava o grande público dos admiradores de artes marciais. O "Spider" tornou-se (merecidamente) uma celebridade no Brasil, participando de programas de TV, clipes, comerciais, documentários e sendo eleito o "homem do ano" no campo esportivo pelas revistas Alfa, GQ e Isto É.
 


 Anderson Silva protagonizou ainda a volta do UFC ao Brasil, no memorável UFC RIO. Contando com performances sensacionais do "Spider", de Maurício "Shogun" Rua, Rodrigo "Minotauro", Paulo Thiago, Rousimar Palhares, Thiago Tavares, Erick Silva e de outros guerreiros brasileiros, a edição nacional do UFC foi também um sucesso de organização, público e cobertura da mídia (com a maior audiência do horário em TV Aberta no país). Além disso, o mundo do MMA pôde testemunhar que não existe torcida como a brasileira: "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooor!"



 Tivemos outro golpe cinematográfico no chute "karate kid" aplicado por Lyoto Machida para aposentar Randy Couture no UFC 129. Uma pena que o nocaute também tenha marcado a despedida do "Capitão América", que lutou até os 48 anos com disposição de garoto e com a humildade que só os verdadeiramente grandes têm. Randy "The Natural" Couture entra para o panteão de "imortais" do MMA e passará a somente assitir as lutas do restante dos mortais, com a satisfação do dever (mais do que) cumprido.


  Alguns ídolos se vão, outros surgem. O fenômeno Jon Jones foi eleito o lutador do ano pela imprensa especializada. O campeão mais jovem do atual formato do UFC mostrou jogo completo e plástico para arrasar Ryan Bader, Maurício Rua, Quinton Jackson e Lyoto Machida: socos rodados, chutes efetivos, cotoveladas devastadoras, boas quedas e finalizações afiadas. Surgirá alguém em 2012 capaz de parar Jones?


 Do céu ao inferno. Assim podemos definir os momentos distintos da lenda Rodrigo "Minotauro" Nogueira em 2011. Nogueira teve sua volta muito celebrada, após 18 meses de recuperação de contusões, com uma vitória estonteante no UFC Rio contra Brendan Schaub. Mas também experimentou uma terrível reviravolta sofrida com a primeira finalização de sua carreira, após quase nocautear seu desafeto Frank Mir.




 Já o outro ícone brasileiro dos tempos do Pride, Wanderlei Silva, teve trajetória oposta este ano. Sofreu uma rápida derrota para Cris Leben em julho, mas encerrou 2011 nocauteando o duro Cung Le e ressurgindo no UFC, para a alegria de seus inúmeros fãs. Citando a música "Broken, Beat and Scarred" do Metallica: "Você levanta; Você cai; Você está derrubado, então se ergue de novo; O que não te mata te torna mais forte".


 E o que falar da batalha dos indestrutíveis Maurício "Shogun" Rua e Dan Henderson? No melhor combate do ano, foram 25 minutos de emoção incessante. Ambos acertaram e receberam golpes duríssimos. Permaneceram em pé até o soar do gongo final por pura raça e força de vontade, em uma luta franca, agressiva e técnica. Este embate já é reconhecido como um dos mais incríveis da história do MMA.


 O UFC alcançou tamanho nível de popularidade no Brasil que a maior emissora de TV Aberta do país teve que se render. A Rede Globo adquiriu os direitos de imagem do UFC e transmitiu, ao vivo, a vitória de Júnior "Cigano" dos Santos sobre Cain Velasquez para tornar-se o novo campeão dos pesos pesados. Com direito a narração de Galvão Bueno (não sei se é para rir ou para chorar): "Haja coração amigo!"



 Por fim, vale o registro: 2011 foi o ano de criação deste blog. A crônica esportiva já gerou textos sublimes. O mundo deve ao futebol crônicas geniais de autores como Nelson Rodrigues, Ruy Castro, Armando Nogueira. O MMA apresenta momentos tão ou mais emocionantes do que o futebol, que também merecem ser narrados, exaltados e romanceados. Como o esporte ainda é novo e não teve a oportunidade de ser objeto de escritores consagrados, espero que se divirtam com as palavras deste jovem jurista, faixa marrom de jiujitsu e escritor de fim de semana. Que venha 2012!